Tal como os outros temas, este também se tornou muito interessante. Falar de jovens, compreendê-los, perceber os seus problemas e descortinar "caminhos, são assuntos que raramente temos aoportunidade de o fazer. Os grupos formaram-se como habitualmente, ou por interesse, ou ao acaso. Era suposto cada grupo escolher um texto, e resumi-lo. O texto que escolhemos tratava de dois estudos de caso em que se aplicavam as ferramentas digitais para capacitar jovens em actividades que, normalmente. estão destinadas aos adultos. O texto era um dos capítulos de uma obra Youth, Identity, and Digital Media, de David Buckingham. O capítulo a analisar e a resumir intitulava-se: "Mixing the digital, social, and cultural: learning, identity, and agency in youth participation"(Shelley Goldman e Angela Booker). São relatadas duas experiências com interesse.
Falando de conteúdos. No texto, destacam-se dois conceitos: o "adultism" e "agency". O adultismo, já aqui tratado num post deste blogue.
Afinal, que importância têm estas noções e que repercussão vão ter na construção da identidade dos jovens?
Um dos dois estudos de caso referia-se a um grupo de jovens, "vítimas" de adultismo. Jovens com baixa auto-estima, oriundos de ambientes sociais desfavorecidos de Nova Iorque, problemáticos, com insucesso escolar. Os familiares, por sua vez, criando um clima de pouco incentivo à sua aprendizagem e não os apoiando. O projecto da equipa com este grupo, numa primeira tentativa, obteve poucos resultados, estavam desmotivados e não possuiam, competências quer no manuseamento de ferramentas digitais, nem competências de colaboração nem de espítito de grupo. Numa segunda tentativa, intitulada Set Up, os jovens debateram e "agarraram" um tema projecto para explorar: questões de abandono escolar e preparação para a vida. Estes jovens documentaram-se em casos de vida que conheciam e tendo conseguido fazer um vídeo, fizeram uma apresentaçãoem vídeo para 200 pessoas . Este sucesso só foi conseguido, porque eles próprios acreditaram que conseguiam fazer algo, desde que se dispusessem para tal.
O segundo caso, passa-se com jovens de escolas secundárias, de estatuto menos desfavorecido, com competências básicas dos média, habituais nessas idades, que integrava um órgão representativo de uma escola americana. A capacidade demonstrada no final do projecto, o espírito de colaboração demonstrado entre eles, perante adultos "nada fáceis" de se lidar, fizeram com que este grupo de jovens obtivessem o respeito dos adultos, encarregados e professores, mesmo "em ambiente hostil". Aprenderam a utilizar meios digitais para trabalhar e apresentar soluções, e tomaram resoluções como só os adultos costumam saber fazer.
Os dois estudos de caso demonstram a capacidade de acção dos jovens, a Agency, por oposição ao adultism.
Uma experiência em PortugalEm Portugal, há um estudo de caso, recente, passado numa escola secundária problemática, com projecto de educação para os média: vídeo, cinema e outos meios digitais, relatado numa obra "Jovens, média e estereótipos" de Raquel Pacheco (2009). Estes jovens têm baixa auto-estima e sentem-se preteridos ou info-excluídos, o que dificulta as relações entre eles. No final fica à autora um certo gosto amargo, porque os adultos, a sociedade, fazem tão pouco por eles, que eles próprios também acabam por problematizar as situações. A experiência de Raquel Pacheco é posititva. É inédita em jovens do ensino secundário e, porque sendo pioneira, tem também o valor do pioneirismo. Mais casos destes deveriam acontecer. Este é um trabalho que se devia fazer de modo sistemático porque é muito importante para a construção da auto-estima dos adolescentes, serve para esbater diferenças em literacia e para agirmos em prol de uma sociedade mais justa e mais equilibrada.
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